Holly Golightly
A menina acorda de madrugada com o barulho. Ainda sonolenta, desce da cama e vai até a sala. Seus pais estão rodeados de amigos, o som chegou ao seu quarto e foi mais interessante que os sonhos com princesas e cavalos alados que estava tendo. A mãe logo diz: - Nina, volta para a cama! Tá tarde filhota.
Passa reto pela mãe e escala as pernas do pai em busca de colo : - Quero dormir aqui mamãe.
A boemia está no sangue. Filha de gatos de rua, que passaram tempo demais a virar lata e a sentir que nunhum lugar poderia ser chamado de lar. Hoje possuem um lar. Juntos construiram um espaço seguro, mas não se nega a natureza, e nem a pequena poderá fazê-lo.
A mãe olha para a filha e se reconhece. Nunca voltaria para a cama se houvessem pessoas para dividir a madrugada. Pensa que ela será um gatinho de rua também, e jura que vai se esforçar para que Nina saiba que tem para onde voltar quando o sol nascer.
A menina adormece no colo do pai, e ao final da noite é colocada na cama.
Às sete da manhã os pais acordam com música. Nina quer aprovação para o seu gosto musical.
Os pais comentam que hoje, aos 4 anos, Nina quer virar latas dentro de casa. Como será quando ela descobrir a rua? A mãe pensa em começar a frenquentar a missa ...
- Mamãe, você gostou dessa música?
-Adorei Nina!
- Então agora pode voltar a dormir.
E assim, os pais ganham meia hora de clemência, enquanto a menina se diverte sentindo-se sozinha. Ouve apenas o seu barulho, e pensa que se pudesse, faria uma enorme bolha de chiclete e estouraria com força, para acordar o mundo todo e ouvir muita música.
Sente fome. Acabou meia hora. A família precisa acordar.
2 Comments:
O Fezinho ia adorar a compania da Nina! A palavra da alegria daquele gurizinho, matusquelo, com cara de anjo e comportamento de tirador de sarro, era "gandaia". Ah, era tão bom ouvir isso a mãe e do padrasto, "vamos cair na gandaia hoje?". Afe, o Fezinho já sabia que ia dormir tarde, que ia comer fora, que ia ver pessoas na rua e que a noite era uma criança como ele mesmo, de repente e daí que o Fezinho e o Fezão de hoje se identifica com a noite, pois ela é uma criaça como ele.
Ah, Nina, podiamos ter nos encontrado em algum momento boemio, nossos 10 anos de idade, eu com um dog na mão e vc com aquele pirulito dip lick que te deixava doidona...
Meia hora eterna para os pais e para Nina. Meia hora eterna para o mundo. Meia hora eterna de amor!
Postar um comentário
<< Home