quinta-feira, dezembro 07, 2006

Elisabethkirche

Nao vou desistir de mim. Nao vou colocar embaixo das cobertas a minha auto-estima, a minha vontade de crescer, a minha vontade de ser cuidada.

Eu gosto de ser independente. Mas como dizem, sem plateia nao ha show. E pra mim nao ha plateia que eu nao tenha escolhido. Qualquer plateia nao me serve. Nao quero comentarios de como eu sou linda e independente e corajosa e briguenta e anciosa. Quero que me olhem nos olhos e apertem minhas bochechas, segurem na minha cintura com forca e digam isso bem baixinho no meu ouvido lambendo a minha orelha. Porque eu quis que fosse assim.

E se eu nao posso ter aqui, eu vou ali procurar um pouco disso que me falta. A vida eh curta. Nao deixe pra amanha o que voce pode fazer agora.

Esperar???




Nunca mais.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Holly Golightly

O gato azul chamava-se Nestor. Ele era considerado um gato misterioso pelos outros gatos. Nestor passava a maior parte do tempo dando pulos no ar, para si mesmo. Não saltava árvores, muros ou móveis, como os outros gatos. Apenas o ar, por prazer. Quando não estava praticando esse esporte particular, peculiar e individualíssimo, Nestor comia frutinhas rosas que nasciam do pote roxo. Porque frutinhas rosas? Porque achava que contrastava com o tom azulado de seu pêlo.

Holly Golightly

Se apoia na pia do banheiro. A pia, molhada, encostando em seu braço, provoca uma enorme agonia. Um nojo, uma vontade de arrancar a pele. Várias vezes tem vontade de arrancar a pele, e várias vezes é acometida dessa doença: A agonia. Unha do pé grande, ver calangos andando com suas patas de bracinhos de anão, broca de dentista, arroto preso, canetinha fraca ... brigar com você.
- Que saco! Porque você não explica o que quer. Eu não entendi. Tem um nó no meu corpo me agoniando.
Se joga no carpete e se esfrega. Essa agonia vai ser maior do que a do nó no corpo, de não entendê-lo, e assim, descansará em paz!

Holly Golightly

Enquanto eu vejo você dormir
Me da uma calma
De ver você aqui
Na minha cama
No meu lençol
No meu quarto
Na minha vida
Rompendo o meu egoísmo
E tomando para você
O meu amor

Holly Golightly

Chega em casa afobada
Tem feito de tudo
O corte de cabelo esta em dia
O trabalho é cansativo
Como todo trabalho
Mas é prazeroso
Realizador
Vai até o quarto da filha
Percebe que ela não guardou os brinquedos
Puxou a mãe
Sempre fez
Um esforço enorme
Para manter as suas coisas em
Média ordem
Se considera uma pessoa caótica
Mas desde que se casou
Tenta estabelecer espaços para bangunçar
A fim de não irritar o marido
Sua filha, Nina
Parece ter escolhido um espaço para bagunçar
Seria a casa toda?
A bagunça de Nina
Não irrita o pai
Na verdade ele curte tudo na filha
Vê um copo de cerveja no criado mudo
Ao lado da cama de casal
E se pergunta como ele bebeu:
Vendo um jogo de futebol?
Um programa bobo?
um filme erótico?
Sente saudade
Resolve tomar um banho
E deixar a porta destrancada
Caso ele chegue
Ouve barulhos no quarto
O banho termina
A porta não foi aberta

Holly Golightly

Eles olham as fotos. Ele acha que deveria ter usado um filme asa 100, pois as fotos ficaram com aquelas bolinhas. Ela acha legal se ver feita da junção de bolinhas, e acha que deveriam ter usado um filme que ao revelar tivesse asas, assim as fotos passariam voando pela frente deles, e as mesmas nunca ficariam marcadas de dedos.

quinta-feira, novembro 30, 2006

Holly Golightly

No escuro, procurando algo, sei que possuo uma lamparina e uma adaga. Nem sempre o medo permite usar a lamparina antes da adaga. Seria bom poder olhar o que faz barulho, o que aparece, o que chega. Algumas vezes o barulho é tão grande que o instinto é mais rápido e a adaga termina suja de sangue, horas meu, horas de pessoas que amo. Uma hora eu encontro um caminho, e saiu da floresta escura. Enquanto isso, o medo torna-se meu pior e meu melhor inimigo.

terça-feira, novembro 28, 2006

Elisabethkirche

Cantar no carro.
Falar sozinha.
Andar em circulos.
Imaginar muito.
Beber demais.
Dirigir muito longe.
Morrer.
Renascer em outro lugar.
Ser 4 pessoas diferentes - cada uma com seu respectivo nome e personalidade.
Dancar na chuva.
Nadar a noite.
Lavar as maos com agua quente.
Usar hidratante nos pes e cobri-los com meias pra domir.
Muito rimel.
Unhas longas com esmaltes vermelhos.
Batom cor-de-boca.
Roupas pretas.
Meias coloridas.
Salto alto.
Caminhar descalca na praia.
Tomar banho de chinelo.
Ter nojo de cabelo.
Brincar de escrever.
Gostar de lamber sangue dos outros.
Beijar na boca chupando a lingua.
Trepar de botas.
Lavar a bunda toda vez que uso o banheiro.
Nao gostar de nada nem de ninguem.
Ser escorpiana.
Usar brincos diferentes em cada orelha.
Usar muitos aneis ao mesmo tempo.
Tirar fotos pelada e colocar na internet.
Nao conseguir alcancar os pes.
Nao sentar ereta.
Tremer quando gozo.
Gozar por mais tempo que o necessario.
Assistir pornografia homo e hetero.
Falar alto.
Falar muito baixo.
Espremer espinhas - em mim e nos outros.
Cocar as costas no banho.
Escovar os dentes toda vez que ponho algo na boca.
Guardar papeizinhos.
Enrolar guardanapos de papel em restaurantes.
Balancar as pernas ao digitar.
Cocar os olhos com forca.
Futucar o nariz.
Dormir de maquiagem.
Jogar as roupas no chao antes do banho.
Lavar a calcinha embaixo do chuveiro.
Tirar todas as carnes em volta da unha ate sangrar.
Comer cuticula.
Espreguicar ao acordar e depois de trepar.
Trepar ao acordar.
Masturbar pra pornos toscos.
Ir embora.
Voltar.
Nao chorar.
Chorar no chuveiro.
Acumular saliva na boca e engulir tudo de uma vez.
Organizar recipientes menores dentro dos maiores.
Comer carne sem nervos.
Comer peixe cru.
Chorar com wasabi e gostar.
e muito mais.

Me fazem a pessoa maluca que eu sou.
E me mantem sana.

terça-feira, novembro 21, 2006

Holly Golightly

A chuva foi destruidora
Tudo precisou ser renovado
Reformado, reconstruido
O portão, velho e enferrujado
Foi ao chão
A chuva destruiu
Mas também regou sementes
Que se emaranharam e cresceram
Formando um novo portão
Que não poderá ser invadido
Pois as flores possuem força
E estão dispostas
A florir em paz
Para passar
É preciso passos lentos
É preciso pedir licença
É preciso olhar para as enúmeras espécies e tipos de flores
E reconhecer o espaço sagrado
O portão foi ao chão
E um portal florido cresceu no lugar
É o fim das invasões
É o fim do incêndio
A chama da violência
Tem pavio.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Zyngara

To introduce myself,

Hi!

http://www.fotolog.com/blacksheets

Have a nice weekend. :D

quinta-feira, novembro 16, 2006

Elisabethkirche




A praia disse: "Nao pense em coisas ruins. Voce acha que pode ver o horizonte mas na verdade ele nao esta ali. Esta alem."
E eu respondi: "Mas como nao pensar em coisas ruins antes de dar um passo a caminho do horizonte. Nunca ouvi dizer que alguem chegou la e foi bom."
E a praia respondeu: "Ninguem nunca chegou ao horizonte. Ele nao eh alcancavel. Ele sempre estara la para te incentivar a dar o proximo passo. Entenda que tudo tem um fim. Mas o fim de tudo eh o inicio para um novo comeco, por isso nunca eh o fim. Seja persistente e siga em frente. O horizonte que voce deixou para tras nao tem chao. Nao tem sol. Nao tem perspectiva."

E eu voltei pra casa com uma enorme vontade de andar pra frente. E assim eu rasguei a minha passagem de aviao que me levaria de volta. Rasguei pedacinho por pedacinho em micro pedacinhos e pensei ainda mais forte que eu queria andar pra frente. Mas pensei tambem que eu nao poderia esquecer o meu horizonte anterior porque foi la que eu aprendi muito e consegui partir em direcao ao proximo. Coloquei na minha bolsa meus amigos, minhas boas gargalhadas, meus lindos sapatos, roupas e maquiagens - porque eu sou mulher, oras!! - minha forca, minha auto-estima, minhas unhas dos pes vermelhas e sentei. Sentei pra organizar, anotar e colocar em pratica meus novos projetos, minhas novas ansiedades, minhas novas angustias, meus novos anceios, meus novos amores. Assim que eu levantar vai ser manha. O ceu estara nublado - 'cause "I'm only happy when it rains" - a chuva vai vir de leve no meu rosto e lavar todo o po de antes. Assim eu vou caminhar com meu guarda-chuva preto pra espantar mal-olhado, fechar os olhos - porque da pra sentir mais e melhor tudo que vem e que vai - e ir.
Ir.
Ir eh o meu novo verbo. Eu vou. Eu sempre vou. Nunca mais volto. Voltar esta no meu horizonte passado que eu deixei com os meus falsos amigos, com as mentiras que eu contei para os outros e pra mim mesma, com todos que me magoaram.
Me sinto bem vinda no futuro. Porque eu vou fazer de tudo pra estar la e fazer com que ele goste me ter la. Sera uma looooonga caminhada ate a proxima onda. Mas eu sei que quando eu chegar no topo eu vou mais uma vez sentar e me organizar.. Porque o meu novo horizonte esta faminto a minha espera. E eu estarei pronta pra partir mais uma vez.

Parabens pra minha coragem que me fez bater de frente, pras minhas pernasque seguraram o tronco e pro meu peito que foi valente e empurrou tudo pra frente. A minha bunda continuara flacida. Porque pro resto da minha vida eu nunca mais vou usa-la pra peitar nada. NADA.

Elisabethkirche

Gostaria de apresentar a voces a nova integrante deste blog:
Zyngara

Ela eh legal mas meio burra. Eventualmente ela escreve coisas interessantes (mas apenas praticas) e ate divertidas.

Zyngara, seja bem vinda. Espero que todas gostem de voce como eu gosto.

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